A sordidez humana é um veneno a ser combatido pela prática do Evangelho
Estava eu no salão de um nobre amigo
quando entre nossas conversas ele me disse:
"Ninguém
taca pedra em árvore que não dá frutos"
Quando ele me falou disso lembrei
dessa passagem bíblica, onde o evangelista Mateus nos fala das bem
aventuranças:
10 Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 Bem-aventurados sois vós, quando
vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por
minha causa.
12 Alegrai-vos e exultai, porque é
grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que
foram antes de vós.
(Mateus 5, 10-12)
Assim diante desta frase me vi
pensando nas injustiças que os justos sofrem neste mundo, e que os desviam
muitas vezes do caminho da prática do evangelho. Elas são injustiçadas, sofrem
pedradas o tempo todo, um verdadeiro apedrajamneto moral por serem as vezes
puras no falar, inteligentes no pensar, com uma visão de mundo diferente, por
saberem o que realmente conta como valor em suaas vidas.
Aí isto nos leva a uma outra
idéia, nas ameaças invisíveis, porém real no ambiente de vida das pessoas, seja
no trabalho, seja na escola, na faculdade, na rua.
Eu pessoalmente não entendo como pode se dizer Cristão qualquer um que procura fazer sofrer seu próximo de uma maneira tão cruel ferindo-o justamente onde ele já está machucado, atacando-o onde ele já sente dores, então me vejo obrigado a transcrever para vocês um texto de Lya Luft, o qual li originalmente na Revista Veja, mas que encontrei aqui na Internet no link http://filosofarpreciso.blogspot.com/2011/06/sordidez-humana-por-lya-luft.html, e que foi o motivo que me levou a ser solidário na idéia dela e tentar toscamente produzir opresente texto.
A sordidez humana, por Lya Luft
"Que lado nosso é esse,
feliz diante da desgraça alheia?
Quem é esse em nós, que ri quando o outro cai na calçada?"
Ando
refletindo sobre nossa capacidade para o mal, a sordidez, a humilhação do
outro. A tendência para a morte, não para a vida. Para a destruição, não para a
criação. Para a mediocridade confortável, não para a audácia e o fervor que
podem ser produtivos. Para a violência demente, não para a conciliação e a
humanidade. E vi que isso daria livros e mais livros: se um santo filósofo
disse que o ser humano é um anjo montado num porco, eu diria que o porco é
desproporcionalmente grande para tal anjo.
Que
lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós (eu não
consigo fazer isso, mas nem por essa razão sou santa), que ri quando o outro
cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se divertir? Ou se o
outro é traído pela pessoa amada ainda aumenta o conto, exagera, e espalha isso
aos quatro ventos – talvez correndo para consolar falsamente o atingido?
O
que é essa coisa em nós, que dá mais ouvidos ao comentário maligno do que ao
elogio, que sofre com o sucesso alheio e corre para cortar a cabeça de qualquer
um, sobretudo próximo, que se destacar um pouco que seja da mediocridade geral?
Quem é essa criatura em nós que não tem partido nem conhece lealdade, que ri
dos honrados, debocha dos fiéis, mente e inventa para manchar a honra de alguém
que está trabalhando pelo bem? Desgostamos tanto do outro que não lhe admitimos
a alegria, algum tipo de sucesso ou reconhecimento? Quantas vezes ouvimos
comentários como: "Ah, sim, ele tem uma mulher carinhosa, mas eu já soube
que ele continua muito galinha". Ou: "Ela conseguiu um bom emprego,
deve estar saindo com o chefe ou um assessor dele". Mais ainda: "O
filho deles passou de primeira no vestibular, mas parece que...". Outras
pérolas: "Ela é bem bonita, mas quanto preenchimento, Botox e quanta
lipo...".
Detestamos
o bem do outro. O porco em nós exulta e sufoca o anjo, quando conseguimos
despertar sobre alguém suspeitas e desconfianças, lançar alguma calúnia ou
requentar calúnias que já estavam esquecidas: mas como pode o outro se dar bem,
ver seu trabalho reconhecido, ter admiração e aplauso, quando nos refocilamos
na nossa nulidade? Nada disso! Queremos provocar sangue, cheirar fezes, causar
medo, queremos a fogueira.
Não
todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse monstro inimaginável e poderoso,
ou simplesmente medíocre e covarde, como é a maioria de nós, ah!, espreita.
Afia as unhas, palita os dentes, sacode o comprido rabo, ajeita os chifres,
lustra os cascos e, quando pode, dá seu bote. Ainda que seja um comentário
aparentemente simples e inócuo, uma pequena lembrança pérfida, como dizer
"Ah! sim, ele é um médico brilhante, um advogado competente, um político
honrado, uma empresária capaz, uma boa mulher, mas eu soube que...", e aí
se lança o malcheiroso petardo.
Isso
vai bem mais longe do que calúnias e maledicências. Reside e se manifesta
explicitamente no assassino que se imola para matar dezenas de inocentes num
templo, incluindo entre as vítimas mulheres e crianças... e se dirá que é por
idealismo, pela fé, porque seu Deus quis assim, porque terá em compensação o
paraíso para si e seus descendentes. É o que acontece tanto no ladrão de tênis
quanto no violador de meninas, e no rapaz drogado (ou não) que, para roubar 20
reais ou um celular, mata uma jovem grávida ou um estudante mal saído da
adolescência, liquida a pauladas um casal de velhinhos, invade casas e
extermina famílias inteiras que dormem.
A
sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem domesticar isso.
Ninguém me diga que o criminoso agiu apenas movido pelas circunstâncias, de
resto é uma boa pessoa. Ninguém me diga que o caluniador é um bom pai, um filho
amoroso, um profissional honesto, e apenas exala seu mortal veneno porque busca
a verdade. Ninguém me diga que somos bonzinhos, e só por acaso lançamos o tiro
fatal, feito de aço ou expresso em palavras. Ele nasce desse traço de perversão
e sordidez que anima o porco, violento ou covarde, e faz chorar o anjo dentro
de nós.
Então assim voltando á nossa discussão, pergunto
novamente, quando falamos do bullying,
Assédio Moral, Apelidos que ferem o intimo das pessoas, Pais que autoritários
ao extremo a ponto de inibir seus filhos. Isto seria falta de amor, falta de
conhecimento, falta de compreensão ou nas palavras da nossa ilustre autora é sordidez,
é mesquinharia, é egoísmo, é pervesidade, é maldade mesmo, de verdade?
Eu não sei o que é, só sei que tendo a concordar com a autora na sua afirmação de que “A sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem domesticar isso”, e tendo eu também a afirmar que quem vê isto deve confrontar os injustos e ajudar quando e sempre que puder os injustiçados, por que melhor forma de domesticar nossa sordidez não há do que praticar o bem ao próximo, já há muito escrito explicado, descrito em modelo e exemplo de conduta, Amor e misericórdia a ser seguido, num manual de fácil acesso e por todos conhecidos, que atende pelo nome de Evangelho, onde a história da vida de Jesus Cristo define mais do que qualquer outra coisa o remédio para esta sordidez que aflige a todos nós, por que como bem diz a autora, não somos Santos, mas quem crê em Cristo anseia por sê-lo. e se você não ama seu próximo, você não ama a Cristo, e se você maltrata seu semelhante (MATEUS, cap. XXV, vv. 31 a 46.) maltrata ao próprio Jesus, assim como vejo a resposta em (LUCAS, cap. X, vv. 25 a 37).
Só posso concluir que a prática do bem é que nos leva a sermos Santos e que santidade é a consequência de uma conduta perene na prática do Amor ao próximo.
Data Vênia, com Amor.